quinta-feira, 29 de agosto de 2019

JOSÉ DA PENHA ALVES DE SOUZA



José da Penha Alves de Souza nasceu a 13 de maio de 1875, na cidade de Angicos. Foram seus pais: José Félix Alves de Souza e Maria Inácia Alves de Souza.
Em 1880, José da Penha foi para Fortaleza, onde estudou no Colégio Militar. Depois, seguiu para o Rio de Janeiro, onde, seguindo Aluízio Alves, fez toda a carreira militar; praça a 2 de agosto de 1890, alferes a 3 de novembro de 1894, tenente a 8 de outubro de 1898 e capitão a 2 de agosto de 1911". Desde jovem, participava de polêmicas, conseguindo se destacar mesmo quando seus adversários eram do nível de um Medeiros e Albuquerque ou de um José Veríssimo.
Nasceu, ao que parece, para debater. Discutir. Liderar. "Seu ardente ideal republicano, impregnado da proteção de Benjamim Constant, o gosto pelo estudo da História dos Povos, a vivência jornalística conduzindo-o à análise dos fatos diários, principalmente os de formação da República emergente, participação militar característica dos primórdios do novo regime, o espírito polêmico, fariam inevitavelmente do jovem pensador-militar um líder político", relata Aluízio Alves.
Não sabia silenciar diante da injustiça.
Na análise de Câmara Cascudo, "o nome de José da Penha Alves de Souza evoca o movimento da luta, o choque de idéias, a controvérsia agitação, sonoridade (...). Nasceu armado cavaleiro, de couraça e elmo, com bandeiras e montante, jurando combater o bom combate. Toda a sua vida e uma série de guerrilhas, de batalhas, de agonias, de sofrimentos, provocados, resistidos com altivez, destemor e sobranceria invulgares".
José da Penha assistiu, no dia 3 de janeiro de 1904, atos de violência praticados por policiais na cidade de Fortaleza. Revoltado, escreveu um artigo, no outro dia, demonstrando seu protesto. Militar, foi preso, sendo submetido ao Conselho de Guerra. Foi absolvido. Sua esposa Altina Santos, não suportando o sofrimento, suicidou-se com o revólver do marido.
José da Penha resolveu seguir para o Rio Grande do Norte para lutar contra a oligarquia Maranhão, que dominava o Estado, como sintetiza Aluízio Alves: "de Pedro Velho o governo foi para Ferreira Chaves, deste para Alberto Maranhão, irmão de Pedro Velho, indo em seguida para o genro, Tavares de Lyra, Antonio de Souza preparou a volta de Alberto Maranhão, que, por sua vez, fez retornar Ferreira Chaves, sucedido, num segundo mandato, por Antonio de Souza, todos eles, nos intervalos, guindados à representação do Congresso Nacional, e Tavares de Lyra e Ferreira Chaves a ministérios".
Foi para mudar essa situação que José da Penha investiu contra a liderança de Alberto Maranhão. Procurou o apoio de um juiz de Caicó, José Augusto, que também combatia a oligarquia Maranhão. Mas José Augusto também não era favorável ao candidato escolhido pela oposição, argumentado a João da Penha: "se o candidato da oposição fosse o senhor, nestas circunstâncias, eu o apoiaria (...) O que se pretende é destrui-la para montar uma oligarquia nacional, com o filho do presidente da República, que nem sequer conhece o Rio Grande do Norte".
Estava certo o Dr. José Augusto. José da Penha, na realidade, combateu o que poderia ser uma imposição de uma oligarquia Ferreira Chaves, contra uma imposição do próprio José da Penha. E o que é pior, ele pretendia impor uma pessoa totalmente estranha ao Rio Grande do Norte, o tenente Leônidas Hermes da Fonseca, que, por sinal, apresentava apenas uma qualidade: era filho do presidente da República... O capitão José da Penha teria, sem dúvida, muito mais chance de vitória caso ele próprio fosse o candidato. Mas é possível que o seu pensamento fosse realmente o de derrotar a oligarquia Maranhão: "O meu coração tem a dureza daquelas pedras. E com este rochedo de carne, hei de esmagar a oligarquia dominante".
José da Penha promovia, assim, a primeira campanha popular da história do Rio Grande do Norte. Sendo também o primeiro a falar diretamente com o povo. Fazendo uma campanha popular, conclamando a população para derrubar uma oligarquia que possuía figuras ilustres, de grande valor, como Alberto Maranhão.
Aluízio relata: "a campanha incendiou os ânimos de todo o Estado. não foi um movimento restrito à capital, sempre mais sensível a rebeliões populares. Não. As cidades do interior recebiam José da Penha e seus caravaneiros com o povo nas ruas - homens, mulheres, crianças -,aclamando-os, cantando o hino da campanha, desfraldando bandeiras".
A campanha se desenrolar num clima tenso, propício para que se cometesse violência. Com ameaça de proibição de comícios da oposição.
José da Penha empolgava com sua oratória que, na opinião de Câmara Cascudo, "era calorosa e acre, irritada, vergostante, panfletária, satírica:.
No dia 20 de julho de 1913, ocorreu um tiroteio que durou quarenta minutos. A casa em que José da Penha estava hospedado foi cercada pelo Batalhão de Segurança, desde a véspera. No tiroteio, D. Leontina, companheira de José da Penha, foi ferida. Os seus adeptos foram presos e logo depois soltos.
A primeira campanha popular terminaria de maneira melancólica. José da Penha foi abandonado pelo seu próprio candidato que, na realidade, jamais assumiu a candidatura... Falando sobre o assunto, Aluízio Alves considera que "a repercussão na imprensa do Rio, as versões espalhadas de que partira de José da Penha e de seus amigos, o tiroteio, o incitamento à greve, dias antes, a fábrica de tecidos, fundada por Juvino Barreto, na Ribeira, foram os últimos atos necessários para desvendar o mistério: a primeira campanha popular do Rio Grande do Norte não tinha candidato".
Joaquim Ferreira Chaves partiu, então, sozinho para a eleição, que se realizou no dia 14 de setembro de 1913.
E, em 27 de setembro de 1913, José da Penha inicia a sua viagem de volta para o Ceará, via Recife. No Ceará, ele havia sido eleito deputado estadual.
Pouco depois, Franco Rabelo convocou José da Penha para combater os adeptos do padre Cícero. No dia 2 de fevereiro de 1914, partiu com duzentos homens para combater mais de mil guerreiros. Armados e treinados pelo governo federal. Ao se despedir do povo de Fortaleza, vaticinou: "Vou porque não posso faltar. É só voltarei vitorioso ou morto".
E foi o que aconteceu. Morreu combatendo. Suas tropas, contudo, venceram os jagunços, na batalha de Miguel Calmon, no dia 22 de fevereiro de 1914.
Epitacio Fontes <epitacio@brisanet.com.br>
Pau dos Ferros, RN Brasil - 30-Novembro-2004 / 20:14:02
FONTE – LIVRO DE VISITAS

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